quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Preciso de um anel verde

Acabo de ver, com meu filho, o filme do lanterna verde. Do ponto de vista cinematográfico, nada demais... algumas críticas, mas esse não é o objetivo. Do ponto de vista da estética, meu Deus como o Ryan Reynolds é, digamos, appealing. Agora o que mais me chama a atenção, fora os músculos bem desenhados do protagonista, é a filosofia que embasa o filme. Resumindo, a cor verde é a cor do willpower, a força de vontade, e a amarela, a do medo. Interessante. Sempre adorei amarelo e odiei verde... Será alguma simbologia aí? [Por que cargas d'água, eu, que sou afeita ao ceticismo, tenho mania de acreditar em zenzismos, símbolos, shooting stars e outros sinais misteriosos, sugerindo que a nossa vida não é mera coincidência biológica? Eu mesma respondi minha pergunta. Como seria duro e inaceitável ser apenas mera coincidência. Quero ser planejada, amada e propositada. Oras.]

Bom, voltando ao filme, o heroizinho é um cara temerário, mas, volta e meia, ele 'amarela' (ahahaha) em situações críticas, dando a entender que ele não é corajoso, mas sim um cara que gosta de arriscar a vida com atitudes ousadas demais, mas, na hora que o negócio aperta, dá tilt. Não é preciso dizer que eu e mais dois terços do público do filme nos identificamos de cara com o bonitão e sua saga para vencer os próprios medos e poder ser digno de usar o anel verde da força de vontade, substituindo a temeraridade pela bravura, heroísmo e coragem.

O fato é que eu sou chicken shit.

Mas, isso dito, o mais interessante é uma associação que já havia feito por contra própria, usando meus pontos de filosofia e raciocínio lógico, que a preguiça estava diretamente ligada ao medo. Medo de vencer, medo de se conseguir o que se quer. [For God's sake, como a análise sempre recai nas frases auto-ajuda, até mesmo quando sou eu comigo mesma! aaaargh]

Nunca entendi porque e como diabos alguém vai inventar de ter medo do sucesso. Não faz o menor sentido. É blablablá de terapeuta. Mas... até que me ajuda, ou pelo menos suaviza o meu self-hatred, a noção de que minha aparente preguiça é, na verdade, um bloqueio provocado pelo medo de ser feliz, o medo de jogar e perder, como a criança que desiste de participar de uma brincadeira porque não quer passar pelo embaraço e o constrangimento de ser uma 'perdedora'.

Sim, acho que essa sou eu. I'm on the evil, yellow, side. Still hating green and I don't know how to change that. I guess it would be just like a conversion from atheism to protestantism or any other religion. It's just not in me to believe in God, and his multiple (human) stories. It's just not in me to like the color green, let alone to be one of its corageous superheroes. I'm lazily afraid or fearfully lazy. Shame on me.

Do ponto de vista prático, para fins dessa terapia, adianto que isso tem, literalmente, fucking my whole life over nos últimos 40 anos de minha humilde e relutante existência. Hoje meu marido, novamente, me colocou contra a parede, dizendo que, se eu não arrumasse um jeito de contribuir com pelo menos 3 mil reais para o nosso orçamento, nossa vida juntos estaria seriamente comprometida. E não é maldade dele não. Simplesmente temos uma dívida de mais de 50 mil reais. Prestações de empréstimos seguidas de mais prestações de empréstimos, uma atrás da outra, uma pra pagar a outra. Tudo porque, no decorrer desses 9 anos juntos, tivemos inúmeros altos e baixos, uma relação financeira bipolar, pra combinar com minha síndrome.

Eu, de minha parte, sempre tive passagens relâmpagos por vários 'locais de trabalho' e foram como furacões... todas... Não tem um lugar, que eu me lembre, onde minha passagem tenha sido estável e saudável. Não saberia nem quem colocar em uma cover letter como referência. É triste e vergonhoso dizer isso, mas acredito que aqui seja o lugar para dizer coisas dolorosas. Minha experiência profissional é desastrosa. Full of gaps, holes and embarrassing episodes when I simply gave up and ran away from pressure, from professional growth. I've always been known as highly capable, creative and skilled, but even more highly unstable.

E hoje, sob pressão para ganhar míseros 3000 reais, não me sinto qualificada para emprego nenhum. Nem para o que tenho feito a vida inteira. Porque eu começo bem e depois simplesmente me canso. E deixo as coisas rolarem... até mesmo na profissão de housewife é assim. Quando fiquei sem empregada agora, estava ralando na casa, mantendo-a limpa e cheirosa, apesar dos 4 bichos (já falei que gosto de bichos, né?). E fui bem-sucedida por cerca de 2 semanas consecutivas. Hoje, ignoro o chão que precisa ser varrido, a roupa que precisa ser passada, o pó, o caos. Assim como ignoro as aulas que eventualmente precisam ser preparadas, as leituras e pesquisas que eventualmente acrescentariam mais ao meu expertise, os livros que simplesmente me trariam mais cultura, os passeios, culturais ou não, pela cidade que aumentariam minha sensação de pertencimento. Isolo-me com minha preguiça amarela.

E os dias vão passando e formando anos e décadas, as quais já contam 4 nessa minha inexplicável e injustificável existência. São tantos médicos que preciso visitar. Tantas pessoas que preciso contatar. Tantas viagens e tanto dinheiro que precisaria ganhar para poder economizar e... bate na boca... gastar!

É muito provável que eu perca o marido e a estrutura familiar. Mas o que tenho feito para evitar? O amor não deveria ser a maior força, maior que a força de vontade e que o medo somados? Será isso tudo, então, uma imensa falta de amor? Ai que dó. Que remorso, que culpa, que depressão. E, por que raios, a vontade de morrer é tão persistente, principalmente nessas horas? Se é pra ter alguma vontade, porque tenho que optar por essa? Se eu fosse outra, que não eu, ia me dar uma escovada. Mas como eu sou eu mesma, só consigo vir aqui e lamentar. Oh life; Oh Lord; Oh shit!